DOM MURILO CLIMACOPOR MERCÊ DE DEUS E DA SÉ APOSTÓLICABISPO DIOCESANO DE BRASILIA
BISPO DIOCESANO DE BRASILIA
29 de Agosto de 2025
CARTA PASTORAL
“VOU DAR-VOS PASTORES SEGUNDO
MEU CORAÇÃO” (Jr 3, 15)
Amados irmãos, saúde, paz e bençãos da parte de Deus nosso pai.
Na solenidade de Nossa Senhora da Assunção, 15 de agosto, por disposição do santo padre Bento VIII, fui nomeado Bispo Diocesano de Brasília. Recebi este chamado com um coração cheio de gratidão, temor e esperança, consciente da grande responsabilidade que me é confiada: pastorear, em nome de Cristo, o Povo de Deus que caminha nesta Igreja particular. Elevo a Deus meu coração com gratidão pelo ministério que me foi confiado. Reconheço a minha pequenez e indignidade, mas confio plenamente na misericórdia do Senhor, que escolhe instrumentos frágeis para realizar obras grandiosas. Estou certo de que aquele que começou em vós a boa obra há de levá-lá a bom termo, até o dia do Cristo Jesus (cf. Fl 1,6).
Minha caminhada vocacional começou em Aparecida, minha terra natal, fui acolhido como seminarista por Dom Júlio Cardeal Sarto, ordenado diácono pelas mãos de Dom Henrique Gänswein e presbítero por Dom Adryan Alves, até então na época, bispo auxiliar de Aparecida. Curiosamente, recebi a ordenação presbiteral na Catedral de Nossa Senhora Aparecida; e hoje, pela providência de Deus, assumo a Diocese de Brasília, cuja Catedral também é dedicada à mesma Mãe Santíssima. Por isso, desde já, consagro inteiramente minha missão episcopal a Nossa Senhora Aparecida.
Que ela, Mãe da Igreja e Rainha dos Apóstolos, me conduza sempre ao seu Filho, único e eterno Sacerdote. Desejo configurar meu pastoreio ao Coração de Cristo, o Bom Pastor, que conhece suas ovelhas e se entrega totalmente por elas (cf. Jo 10,11-15). Quero estar no meio de vós não como um administrador distante, mas como irmão, pai e amigo, caminhando convosco e para vós, escutando suas alegrias e tristezas, os sustentando na fé e os confirmando na esperança.
A Igreja, enriquecida pelos dons do seu divino Fundador, recebe a missão de anunciar o Evangelho e instaurar já neste mundo as sementes do Reino de Deus (cf. Lumen Gentium, 5). Esse anúncio exige homens dispostos a proclamar a Boa-Nova “a toda criatura” (cf. Rm 10,14-15). A nós bispos, foi confiada esta tarefa: guardar a fé, ser ministros da graça e guias espirituais do povo de Deus (cf. Apostolorum Successores, I,3). Sou chamado a ser um “pai na fé” de todos os vocês. Sou enviado até vós não como aquele que veio para ser servido, mas sim, aquele que serve a cada um de vocês. O ministério episcopal não é propriedade privada, mas é um serviço que deve ser vivido na entrega e no amor.
Convictos de que formamos todos um só corpo em Cristo (cf. 1 Cor 12,12-27), quero viver convosco em comunhão fraterna. Quero promover a unidade do povo de Deus que é convidado a viver como família. Quero levar a sinodalidade, caminho desta Igreja de Brasília; caminharmos juntos, pastores e fiéis, escutando-nos mutuamente, discernindo em comum, servindo aos mais pobres e uns aos outros. Somente assim, poderemos ser cada vez mais verdadeiras testemunhas vivas do Evangelho.
O meu lema episcopal, “In meam commemorationem” (1 Cor 11,24), traduz aquilo que desejo viver e transmitir: tudo o que somos e realizamos deve ser memória viva de Cristo. Ele mesmo nos confiou este mandato na Eucaristia: “Fazei isto em memória de mim”. Cada celebração, cada gesto de caridade, cada palavra de esperança, deve apontar para Ele. Meu lema episcopal transmite o sentido do sacerdócio: tudo o que o padre é e faz encontra a sua razão no próprio Cristo, de quem é ministro e servidor. Recordar-se d’Ele em cada gesto, palavra e missão significa reconhecer que é o Senhor quem continua a realizar, por meio de nós, a sua obra salvadora em favor dos irmãos. Por isso, quando fui chamado ao episcopado, senti que assim deveria ser meu lema, a memória de Cristo: no anúncio da Palavra, no pastoreio do rebanho e no serviço da santificação do povo de Deus. Como ensina Santo Tomás de Aquino, tudo se faz por meio e para Cristo. É n’Ele que os pecados são apagados, as virtudes são fortalecidas e a alma se nutre e se santificam. Assim, padres e bispos não possuem o ministério como propriedade, mas como dom recebido e missão a ser vivida com humildade e amor.
Queridos irmãos, conto com cada um de vocês para que juntos possamos seguir como Povo de Deus em caminho aos céus. Não caminhemos isolados, mas de mãos dadas pela força do Espírito Santo. Que nossa igreja em particular seja lugar de acolhimento, de ardor missionário e de testemunho da caridade.
Novamente, consagro meu ministério a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira do Brasil, para que por sua interceção, possa me ajudar nesta missão.
Com amor e esperança,
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